
Projeto busca preservar araucária com ajuda de agricultores
Surgida há milhões de anos, a araucária, árvore símbolo do Sul do Brasil, corre perigo. De acordo com estudo da Universidade de Reading (Reino Unido), a espécie deve ser extinta até 2070, sobrevivendo em pequenos refúgios, se houver cuidados adequados. Os motivos para isso são a destruição de seu habitat, atualmente, já reduzido em 90%, o aquecimento global, o constante desrespeito à legislação de proteção da espécie e a redução de sua diversidade genética.
Nesse contexto, o projeto Conexão Araucária, executado junto aos agricultores familiares do Paraná, está em ação para restaurar áreas de floresta onde originalmente se desenvolviam as araucárias, visando à preservação desta e de outras espécies e à proteção das nascentes de rios.
A iniciativa é desenvolvida pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da empresa Japan Tobacco International (JTI), que é também uma parceira operacional no desenvolvimento das atividades.
O projeto vai recuperar cerca de 330 hectares em pequenas propriedades rurais distribuídas nos municípios de São Mateus do Sul, São João do Triunfo, Palmeira, Rio Azul, Mallet, Rebouças e Paulo Frontin, no Sudoeste do Estado paranaense. Dessa forma, também pretende qua as áreas atendam ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e estejam em conformidade com o Código Florestal.
Por meio de técnicas de restauração, a iniciativa visa recompor Áreas de Preservação Permanente (APP) – matas ciliares, topos de morro e encostas – além de Unidades de Conservação, tais como parques nacionais, com espécies nativas da Floresta com Araucárias do bioma Mata Atlântica. Ela se diferencia de outros projetos de restauração por buscar recuperar a diversidade de espécies, incluindo as raras e ameaçadas, dando início a um processo que, ao longo dos anos, trará de volta a vegetação.
Atualmente, o projeto já atua em 182 hectares de áreas de preservação permanente (APP) que serão restauradas em 156 propriedades. A JTI é a responsável por facilitar o diálogo da SPVS com os proprietários e acompanhar a evolução da restauração por meio de seus Técnicos de Agronomia.
Entre os produtores que participam do projeto, a consciência da necessidade da preservação tem avançado e eles demonstram otimismo com a restauração.
A expectativa é de que com o tempo, o projeto também contribua para o desenvolvimento da agricultura. “A recuperação da biodiversidade regional, o maior controle biológico das pragas, o aumento da presença de polinizadores, melhorias na fertilidade do solo, a melhoria na qualidade e quantidade da água e o auxílio da regulação climática são alguns dos benefícios que temos por meio desse projeto e são essenciais para termos as condições de continuar produzindo cada vez mais e melhor”, afirma Flávio Goulart, Diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação da JTI.
Além disso, o projeto ajuda a gerar empregos diretos para os municípios atendidos, por meio da capacitação e contratação de mão de obra local, além de criar oportunidades para que estudantes de universidades próximas participem e aprendam sobre as oportunidades da conservação da natureza.
Nem mesmo a pandemia e as restrições impostas para evitar a disseminação do coronavírus impediram o prosseguimento das atividades. Seguindo os protocolos de segurança, os trabalhos de recuperação florestal foram seguidos naquelas propriedades onde os produtores permitiram.
Para Goulart, o projeto é um bom exemplo de como o esforço entre empresas, organizações da sociedade civil, governos e produtores é capaz de trazer avanços à preservação ambiental.
https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/projeto-araucarias-extincao-agricultores/